O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, avalia os desafios que o movimento sindical tem no próximo ano para ajudar o país a superar o ódio e a intolerância estimulado pela elite e para impedir retrocesso nos direitos trabalhistas e sociais no Brasil. Confira o texto:
SOLIDARIEDADE. Essa é a marca da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) que completa 25 anos de fundação em 2017 como representante da categoria em todo o Brasil e que nasceu para unificar lutas por direitos iguais em todas as bases sindicais cutistas do ramo.
A solidariedade é o princípio que norteia a CNM/CUT, para que os (as) metalúrgicos (as) cutistas se enxerguem e se unam enquanto classe. É esse princípio que nos move nas ações conjuntas com todas as entidades da classe trabalhadora no Brasil e no exterior – como foi o caso da participação da CNM/CUT em atos de apoio, durante as Olimpíadas e o Salão do Automóvel, aos trabalhadores na Nissan contra as práticas antissindicais da empresa nos EUA –, e com os movimentos sociais que lutam por um mundo melhor e mais justo.
Infelizmente, nos últimos tempos temos assistido a uma escalada do ódio e da intolerância, promovida pela elite reacionária em nosso país. A propagação do ódio, difundida pelos meios de comunicação monopolistas, tem um objetivo claro: enterrar a solidariedade de classe, acabar com direitos trabalhistas e sociais históricos, tentando dividir os (as) trabalhadores (as) e convencer a maioria da população de que ela precisa parar de sonhar com a vida melhor que vinha sendo construída nos últimos 13 anos.
Essa ação foi muito bem orquestrada pelos detentores do capital, com o apoio direto de seus representantes no Congresso, nos meios de comunicação e no Judiciário, e que culminou com o golpe que depôs a presidenta legitimamente reeleita em 2014 e com ataques ferozes contra a principal liderança popular e da classe trabalhadora, o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Para fazer isso, a elite radicalizou, mostrou suas garras fascistas, levou “patos” para as ruas, instigou o preconceito contra pobres, negros, mulheres, homossexuais, criando um clima de guerra e de desrespeito a opiniões divergentes. Isso tudo com o objetivo de nos enfraquecer e impor uma agenda de retrocessos: o ataque aos investimentos sociais, a reforma da Previdência, o fim da CLT, a terceirização sem limites, o fim da soberania nacional, a entrega das riquezas nacionais, como é o caso da mudança na lei de exploração de petróleo, só para citar alguns exemplos.
A SOLIDARIEDADE é um valor sempre pronto a aflorar, tanto na dor quanto na empatia e no respeito aos seres humanos. Prova incontestável foi a solidariedade demonstrada por todos os brasileiros, os colombianos e cidadãos de todo o mundo aos familiares e amigos das vítimas do desastre aéreo com o time de futebol da Chapecoense e profissionais de imprensa no final de novembro.
É este o sentimento que precisaremos reacender com todo empenho entre os brasileiros em 2017 para, respeitando posições contrárias às nossas, ajudá-los a compreender que não podemos mais ser manipulados pela elite através dos meios de comunicação. As informações mentirosas diárias têm levado cidadãos a odiarem cidadãos mais pobres e vulneráveis, enquanto os mais ricos ficam cada vez mais ricos com as medidas amargas que o governo golpista está impondo ao Brasil.
(Aqui abrimos um parêntese com dados sobre a concentração de riqueza: de acordo com a ONG Internacional Oxfam, a ínfima parcela de 1% da população mundial detém a mesma riqueza dos 99% restantes. E 62 pessoas acumulam a mesma riqueza de 3,6 bilhões de pessoas. Em quatro anos, a riqueza dessas 62 pessoas cresceu 44%, enquanto a renda dos 3,6 bilhões de mais pobres caiu 41%. No Brasil, 0,9% detém 60% de todas as riquezas do país).
É esta parcela que não quer a distribuição de renda e a justiça social.
Assim, companheiros e companheiras, em 2017nossa tarefa continuará sendo árdua para que a categoria metalúrgica, a classe trabalhadora e a imensa maioria da população resgatem sua dignidade, seus empregos, seus direitos fundamentais e também o respeito daqueles que embarcaram na onda do ódio e da intolerância. E será com a garra e compromisso que a CNM/CUT carrega há 25 anos que seguiremos fazendo a nossa história.
Não poderia encerrar este texto sem antes homenagear o líder Fidel Castro, que faleceu em 26 de novembro de 2016, e lembrar que quando morre um revolucionário outros têm a tarefa de seguir a sua luta, reafirmando que os ideais de igualdade e justiça social que ele nos deixa não morrem.
Nosso dever é seguir na luta por um mundo melhor e mais justo para todos (as).
Contra a agenda golpista de retrocessos imposta aos (às) trabalhadores (as) seguiremos lutando, até que ela seja derrotada.
UM 2017 DE CONQUISTAS PARA TODOS (AS)!
* Paulo Cayres é metalúrgico na Ford do ABC e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT