O Golpe de 2016 é um golpe perverso, não apenas por depor uma presidenta legitimamente eleita, sem a comprovação de qualquer crime através de articulações feitas no Congresso Nacional com o empresariado, o golpe é perverso porque tem como objetivo central acabar com os direitos da classe trabalhadora brasileira, que foram conquistados com muita luta.
Na linguagem do “mercado”, esta série de medidas que retiram nossos direitos tem nome: Neoliberalismo. No Brasil, o processo neoliberal teve início com Fernando Collor e tomou forma na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Privatizações de empresas públicas estratégicas para a soberania nacional, diminuição nos investimentos de serviços públicos, retirada de direitos… Este processo foi interrompido com a eleição dos governos Lula e Dilma, que colocaram no centro da economia brasileira os trabalhadores, investiram no desenvolvimento da indústria nacional, alteraram a lógica como o Brasil era visto internacionalmente, criaram universidades, facilitaram o acesso ao ensino superior, uma infinidade de medidas que melhoraram significativamente a vida dos trabalhadores/as brasileiros.
Com o objetivo de manter suas taxas de lucro e garantir os privilégios dos mais ricos, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a bancada ruralista financiaram e participaram ativamente do processo de impeachment da presidenta Dilma e agora estão recebendo o pagamento pelos “serviços prestados” por meio de leis que Michel Temer tem articulado e garantido a aprovação de perto. A PEC do Teto, que congelou investimentos em saúde e educação, a Reforma Trabalhista, que retira direitos e precariza as condições de trabalho, a Terceirização irrestrita, que permite a terceirização até da atividade fim, e as mudanças na lei de combate ao trabalho escravo são exemplos de medidas do governo para agradar os financiadores do golpe.
Na tarde da última segunda-feira, Michel Temer se reuniu com a base aliada e declarou que não será possível aprovar a reforma da previdência neste mandato. Esta postura é resultado da nossa mobilização no primeiro semestre deste ano, que deixou parlamentares com a “pulga atrás da orelha”. O nosso recado foi claro: Não votaremos em deputados ou senadores que votem contra a classe trabalhadora. É necessário estarmos alerta e mobilizados para enfrentar este período e organizados para no próximo período enfrentarmos tudo que estiver pela frente.
Milson Pereira
Secretário de Administração e Finanças da FEM-CUT/SP