Metalúrgicos da CUT repudiam ação do governo Temer contra política de conteúdo local

Nota Oficial:

 

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT repudia com veemência a postura da direção da Petrobras, de dar as costas para o trabalhador brasileiro e para a indústria nacional, ao insistir em entregar a construção de plataformas e navios ao capital estrangeiro.

 

A defesa do emprego e de políticas de Estado que assegurem uma indústria forte sempre foram duas reivindicações desta Confederação e de seus Sindicatos e Federações.

 

Por isso, apoiamos – como interessados no processo – a ação movida pelo Sindicato da Indústria Naval (Sinaval) na Justiça do Rio de Janeiro, que, em caráter liminar, suspendeu a licitação da Petrobras para a construção de plataformas (FPSOs) para os campos de Libra e Sépia, do Pré-Sal.

 

A licitação impede que empresas brasileiras concorram, numa clara tentativa de barrar o conteúdo nacional, desmontar o segmento e acabar com os empregos na cadeia produtiva da indústria naval.

 

Assim, questionamos também as declarações do presidente da Petrobras, Pedro Parente, de que a liminar está causando prejuízos à empresa. Para nós, quem está causando prejuízos à economia e ao desenvolvimento brasileiro é essa política da estatal e do governo de preterir a indústria nacional.

 

Vamos insistir e continuar lutando em defesa dos trabalhadores e suas famílias, porque já foi provado que medidas como a exigência do conteúdo local – adotadas pelos governos Lula e Dilma – revigoraram vários segmentos industriais.

 

Foi durante o período entre 2003 e 2014 que a indústria naval brasileira renasceu e ganhou enorme vigor, gerando milhares de postos de trabalho e promovendo o desenvolvimento regional.

 

Mas, infelizmente, não é isso o que pensam os golpistas que tomaram o governo no Brasil. A atual política da Petrobras é o exemplo mais claro de que Temer e seu grupo querem entregar para o capital internacional não apenas o patrimônio, mas também os empregos dos brasileiros.

 

O resultado tem sido desastroso para o crescimento industrial nacional e para as diversas regiões do país onde o segmento naval se desenvolveu e onde há trabalhadores altamente qualificados.

 

De acordo com o Sinaval, o número total de empregos na cadeia produtiva do segmento saltou de pouco mais de 10 mil em 2002, para 90 mil em 2014. E desde o golpe, está em franca redução, causando desemprego e destroçando economias locais e estaduais onde a indústria naval é preponderante, como em Niterói e Angra dos Reis (RJ), em Rio Grande (RS) e nos estados de Pernambuco, Espírito Santo e Amazonas.

 

Segundo relatos dos Sindicatos de Metalúrgicos, a situação está beirando o caos: em Niterói, hoje restam pouco mais de 2 mil trabalhadores (no auge da produção, havia 20 mil empregos diretos e indiretos); em Angra, dos 24 mil trabalhadores diretos e indiretos, hoje há apenas 3 mil; em Rio Grande, restam 2.500 trabalhadores de um total de quase 24 mil; em Pernambuco, de 12 mil restaram 3.500 metalúrgicos. Em bases onde o segmento naval é menor, como Espírito Santo e Amazonas, a redução foi de 30% no total de empregos.

 

Ainda de acordo com as entidades, o impacto das demissões acaba afetando seriamente outros setores das economias locais e regionais, como comércio, gerando mais desemprego e queda na arrecadação e na qualidade dos serviços públicos.

 

Isso tudo mostra que o desmonte da política de exigência de conteúdo nacional vai na contramão da história, antiga e recente, dos principais países, que sempre protegeram os seus setores produtivos, como forma de garantir produção, inovação, domínio tecnológico, desenvolvimento industrial e empregos de qualidade.

 

É preciso por fim a essa política suicida e destruidora que está em curso e que não se restringe apenas à Petrobras e à sua cadeia de fornecedores. Certamente essa mesma política será usada também em segmentos como o automotivo, químico e farmacêutico, nuclear, indústria de defesa, construção civil e outros.

 

Portanto, a CNM/CUT repudia essa tentativa golpista de destruição da indústria nacional, que tem o seu mais recente lance no ataque ao BNDES, aos Fundos de Pensão e aos Bancos Públicos importantes financiadores da política nacional de desenvolvimento.

 

Paulo Cayres

Presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

 

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)

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